Natural de Roma, São Silvestre foi papa e governou a Igreja de 314 a 355 d.C, ano em que morreu, exactamente no dia 31 de Dezembro. A Igreja Católica escolheu esta data para canonizá-lo, nós elegemos este dia para realizar uma corrida nocturna (de preferência sem chuva ou frio).
A 31 de Dezembro em várias partes do mundo realizam-se corridas de São Silvestre, mas a mais antiga, tradicional e prestigiosa corrida realiza-se no Brasil na cidade de São Paulo (quem sabe um dia... lá não deve fazer frio e chuva).
A 31 de Dezembro em várias partes do mundo realizam-se corridas de São Silvestre, mas a mais antiga, tradicional e prestigiosa corrida realiza-se no Brasil na cidade de São Paulo (quem sabe um dia... lá não deve fazer frio e chuva).
Em Portugal vários são os eventos com o nome de “Corrida de São Silvestre”, este ano Eu e a Otília resolvemos trocar a prova de São Silvestre de Torres Novas pela prova de Lisboa (prova com percurso mais plano, o que permitiria a Otília derrubar a barreira dos 50 min. e a mim manter um ritmo cardíaco mais baixo).
(altimetria da São Silvestre de Lisboa, a vermelho a 1ª volta, a verde a 2ª)
A nossa ideia contagiou alguns amigos de treino e então os EntroncamentoRunners na tarde de Sábado dia 27 de Dezembro deslocaram-se a Lisboa para realizar a São Silvestre da capital. Depois de algumas desistências apenas partiram eu a Otília, a Joana e o Sr. Pinhão (a Paula Freire já se encontrava em Lisboa).
Durante a viagem o espírito era de esperança que ocorresse um milagre e que a chuva diluviana acabasse por parar (afinal não pode haver assim tanta água lá em cima), a dúvida no entanto persistia “onde iríamos estacionar o carro?”, após um contacto com a Paula decidimos apontar para o Parque subterrâneo do Martim Moniz. Chegamos ao parque (pelas 17h30), encontrámo-nos com a Paula Freire que tinha os dorsais dos restantes elementos da equipa (Brito, Otília, Joana e Pinhão), após a distribuição dos sacos começamos nos preparativos para a nossa competição.
Devido à chuva que teimava em cair, decidi (com uma forte pressão da Otília) realizar a corrida com calções de Lycra, duas t-shirts e um impermeável, de forma a manter uma boa temperatura corporal e precaver possíveis resfriados.
Ligeiro aquecimento no interior do parque e 20 minutos antes da hora de partida partimos em direcção ao Rossio e mantivemo-nos debaixo de um dos toldos que rodeiam a Praça até aos momentos que antecederam o trio de partida.
Eu e a Otília (acompanhados pelo Pinhão e a Joana) resolvemos entrar no sector dos 50’ (tempos previstos entre os 50 e 60 minutos) ajustamos a estratégia para realizarmos a prova em conjunto, pois havia da minha parte alguma preocupação relativamente à minha condição física, só tinha realizado dois treinos desde meados de Novembro (depois da Ribafria).
As condições climatéricas melhoraram e ouviu-se a voz da Campeã Rosa Mota no som ambiente, pouco depois a buzina que dava o tiro de partida.
A confusão foi a normal para uma prova desta envergadura, embora a curva à esquerda e o estreitamento da faixa de rodagem junto à estação do Rossio não tivessem facilitado a tarefa de quem queria correr mais rápido, algumas dificuldades também criadas por quem teima em partir à frente mas no entanto apresenta andamentos de lá de trás (alguma falta de formação por parte de alguns atletas de pelotão), mas lá fomos nós dar a volta à Praça dos Restauradores e regressámos à Praça D. Pedro IV (Rossio), descida pela Rua do Ouro em direcção à Praça do Comércio (local onde trabalhei durante dois anos na 2ª Esquadra), o 1º km já tinha sido corrido e eu nem o tinha visto tal era a multidão.
Viragem à direita para a Ribeira das Naus e a Otília tinha ficado uns metros para trás (mas estava tudo controlado), as minhas pernas estavam a entrar no ritmo (o aquecimento estava feito), retorno no Cais-do-Sodré e o 2º km também já tinha sido passado e eu nem o tinha visto (também era de noite, tenho essa desculpa), no regresso à Praça do Comércio apercebo-me que a Otília tinha ficado”bloqueada” por um grupo de atletas, reduzo o ritmo e procuro aquele boné vermelho, passado alguns segundos lá está ela, pergunto-lhe se está tudo bem e tento convence-la a apanhar o tipo que corria com o balão azul com a marca dos 50’ (objectivo previsto para a Otília), a Otília percebeu que a minha vontade era ir mais rápido e então deu-me luz verde, entretanto já tinha passado o 3º Km e eu nem o tinha visto.
Ao entrar na Rua da Prata (ligeira subida) mudo de ritmo para os 4,20/km, tentando manter um ritmo cardíaco abaixo das 170ppm) e tento chegar ao tal tipo com o balão, o que acabei por concretizar já na Praça dos Restauradores, pouco depois o 4º km (passagem com 19,09 no meu crono), finalmente tinha “encontrado” um km, e inicio da subida da Av. da Liberdade procurando manter o ritmo de corrida (a subida é um pouco longa), passagem pelo 5º km em 24,51 oficiais (23,59 no meu crono), o ritmo tinha diminuído para 4,50/km mas também era a subir, pouco depois veio o retorno e deu-se início a descida (tudo o que sobe desce), as dificuldades tinham sido ultrapassadas no topo da subida o meu ritmo cardíaco era de 173ppm o que até nem era mau para os objectivos iniciais, pouco depois cruzo com a Otília que ainda vinha no subida, grito-lhe algumas palavras de incentivo “Vai lá Tí” ao que ela responde “Vai lá Brito” (só mesmo nós percebemos esta linguagem).
Passagem pelo 6º km em 28,30 (no meu crono) a um ritmo de 4,30/km, era a melhor parte da prova o espectáculo de ver toda a Avenida cheia de gente a correr era maravilhosa (já tinha saudades destes ritmos e de correr), o percurso a descer e toda esta motivação leva por vezes a alguns excessos pelo que a passagem ao 7º km foi feita em 32,44 (no meu….) a um ritmo de 4,14/km, a pulsação essa continuava nas 173ppm.
A Praça do Comércio já tinha sido passada mais uma vez e já estava novamente em direcção ao Cais-do Sodré o percurso agora era plano, depois daquele km corrido a um ritmo mais rápido houve a preocupação de tentar correr um pouco mais lento, passagem ao 8º km em 37,09 (no m….) o que dava um ritmo de 4,24/km, mas o ritmo cardíaco em vez de diminuir tinha aumentado para as 175ppm (sinal que a fadiga vinha a caminho), mas como as pernas estavam bem e motivação também manda alguma coisa ai vai ele para o 9º km corrido em 4,11/km, passagem em 41,20 (já sabem no meu crono), uma olhada para o cronómetro e umas contas rápidas de cabeça “isto ainda vai dar para entrar na casa dos 45 minutos), mas é então que se instala um dilema a pulsação mantinha-se nas 175ppm (já acima das imposições por mim impostas) será que valia a pena forçar, já tinha sido tão bom ter conseguido correr assim…
Entrada na Rua da Prata, ligeira subida, a sensação de ter conseguido era enorme, o ritmo cardíaco manteve-se até à entrada da Praça do Rossio para os 200 metros finais, momento em que passou para as 178ppm, não sei se por ter acelerado para a meta ou pela emoção de todo aquele espectáculo, um olhar para o cronómetro da organização e já tinha acabado. A marca obtida de 46,41 oficiais (45,49 no meu crono) com um quilómetro final de 4,28/km superava tudo aquilo que podia esperar no início da prova. A minha frequência cardíaca média foi de 160ppm e a máxima atingiu as 178ppm (um pouco acima do aconselhável para mim...)
Durante a viagem o espírito era de esperança que ocorresse um milagre e que a chuva diluviana acabasse por parar (afinal não pode haver assim tanta água lá em cima), a dúvida no entanto persistia “onde iríamos estacionar o carro?”, após um contacto com a Paula decidimos apontar para o Parque subterrâneo do Martim Moniz. Chegamos ao parque (pelas 17h30), encontrámo-nos com a Paula Freire que tinha os dorsais dos restantes elementos da equipa (Brito, Otília, Joana e Pinhão), após a distribuição dos sacos começamos nos preparativos para a nossa competição.
Devido à chuva que teimava em cair, decidi (com uma forte pressão da Otília) realizar a corrida com calções de Lycra, duas t-shirts e um impermeável, de forma a manter uma boa temperatura corporal e precaver possíveis resfriados.
Ligeiro aquecimento no interior do parque e 20 minutos antes da hora de partida partimos em direcção ao Rossio e mantivemo-nos debaixo de um dos toldos que rodeiam a Praça até aos momentos que antecederam o trio de partida.
Eu e a Otília (acompanhados pelo Pinhão e a Joana) resolvemos entrar no sector dos 50’ (tempos previstos entre os 50 e 60 minutos) ajustamos a estratégia para realizarmos a prova em conjunto, pois havia da minha parte alguma preocupação relativamente à minha condição física, só tinha realizado dois treinos desde meados de Novembro (depois da Ribafria).
As condições climatéricas melhoraram e ouviu-se a voz da Campeã Rosa Mota no som ambiente, pouco depois a buzina que dava o tiro de partida.
A confusão foi a normal para uma prova desta envergadura, embora a curva à esquerda e o estreitamento da faixa de rodagem junto à estação do Rossio não tivessem facilitado a tarefa de quem queria correr mais rápido, algumas dificuldades também criadas por quem teima em partir à frente mas no entanto apresenta andamentos de lá de trás (alguma falta de formação por parte de alguns atletas de pelotão), mas lá fomos nós dar a volta à Praça dos Restauradores e regressámos à Praça D. Pedro IV (Rossio), descida pela Rua do Ouro em direcção à Praça do Comércio (local onde trabalhei durante dois anos na 2ª Esquadra), o 1º km já tinha sido corrido e eu nem o tinha visto tal era a multidão.
Viragem à direita para a Ribeira das Naus e a Otília tinha ficado uns metros para trás (mas estava tudo controlado), as minhas pernas estavam a entrar no ritmo (o aquecimento estava feito), retorno no Cais-do-Sodré e o 2º km também já tinha sido passado e eu nem o tinha visto (também era de noite, tenho essa desculpa), no regresso à Praça do Comércio apercebo-me que a Otília tinha ficado”bloqueada” por um grupo de atletas, reduzo o ritmo e procuro aquele boné vermelho, passado alguns segundos lá está ela, pergunto-lhe se está tudo bem e tento convence-la a apanhar o tipo que corria com o balão azul com a marca dos 50’ (objectivo previsto para a Otília), a Otília percebeu que a minha vontade era ir mais rápido e então deu-me luz verde, entretanto já tinha passado o 3º Km e eu nem o tinha visto.
Ao entrar na Rua da Prata (ligeira subida) mudo de ritmo para os 4,20/km, tentando manter um ritmo cardíaco abaixo das 170ppm) e tento chegar ao tal tipo com o balão, o que acabei por concretizar já na Praça dos Restauradores, pouco depois o 4º km (passagem com 19,09 no meu crono), finalmente tinha “encontrado” um km, e inicio da subida da Av. da Liberdade procurando manter o ritmo de corrida (a subida é um pouco longa), passagem pelo 5º km em 24,51 oficiais (23,59 no meu crono), o ritmo tinha diminuído para 4,50/km mas também era a subir, pouco depois veio o retorno e deu-se início a descida (tudo o que sobe desce), as dificuldades tinham sido ultrapassadas no topo da subida o meu ritmo cardíaco era de 173ppm o que até nem era mau para os objectivos iniciais, pouco depois cruzo com a Otília que ainda vinha no subida, grito-lhe algumas palavras de incentivo “Vai lá Tí” ao que ela responde “Vai lá Brito” (só mesmo nós percebemos esta linguagem).
Passagem pelo 6º km em 28,30 (no meu crono) a um ritmo de 4,30/km, era a melhor parte da prova o espectáculo de ver toda a Avenida cheia de gente a correr era maravilhosa (já tinha saudades destes ritmos e de correr), o percurso a descer e toda esta motivação leva por vezes a alguns excessos pelo que a passagem ao 7º km foi feita em 32,44 (no meu….) a um ritmo de 4,14/km, a pulsação essa continuava nas 173ppm.
A Praça do Comércio já tinha sido passada mais uma vez e já estava novamente em direcção ao Cais-do Sodré o percurso agora era plano, depois daquele km corrido a um ritmo mais rápido houve a preocupação de tentar correr um pouco mais lento, passagem ao 8º km em 37,09 (no m….) o que dava um ritmo de 4,24/km, mas o ritmo cardíaco em vez de diminuir tinha aumentado para as 175ppm (sinal que a fadiga vinha a caminho), mas como as pernas estavam bem e motivação também manda alguma coisa ai vai ele para o 9º km corrido em 4,11/km, passagem em 41,20 (já sabem no meu crono), uma olhada para o cronómetro e umas contas rápidas de cabeça “isto ainda vai dar para entrar na casa dos 45 minutos), mas é então que se instala um dilema a pulsação mantinha-se nas 175ppm (já acima das imposições por mim impostas) será que valia a pena forçar, já tinha sido tão bom ter conseguido correr assim…
Entrada na Rua da Prata, ligeira subida, a sensação de ter conseguido era enorme, o ritmo cardíaco manteve-se até à entrada da Praça do Rossio para os 200 metros finais, momento em que passou para as 178ppm, não sei se por ter acelerado para a meta ou pela emoção de todo aquele espectáculo, um olhar para o cronómetro da organização e já tinha acabado. A marca obtida de 46,41 oficiais (45,49 no meu crono) com um quilómetro final de 4,28/km superava tudo aquilo que podia esperar no início da prova. A minha frequência cardíaca média foi de 160ppm e a máxima atingiu as 178ppm (um pouco acima do aconselhável para mim...)
(Frequência cardíaca e altimetria da São Silvestre de Lisboa, registados no meu Polar S725X)
Depois foi a parte pior, retirar o chip, receber as recordações habituais neste tipo de eventos e ter que passar por uma saída (juntamente com mais mil e tal atletas) em que só cabia 1 pessoa de cada vez o que se revelou tarefa mais difícil que propriamente a prova. No exterior vejo a Joana com cara triste, não tinha conseguido acabar a prova (encostou aos 7 km), mas a minha alegria era tanta que nem prestei muita atenção (as minhas desculpas Joana), depois esperámos pela Otília que também teve de passar por aquela porta estreitinha, quando saiu disse dois ou três palavrões, os quais não posso reproduzir aqui, por segundo ela ter sido apalpada durante aquela confusão (à coisas que nem o Diabo acredita…), tinha realizado uma marca de 50,20 (desta vez no crono dela). Como já estava a ficar com frio dirigi-me para o carro enquanto as duas ficaram à espera do Sr. Pinhão, que completou a sua prova na casa dos 56 minutos. Pouco depois chegam os três comparsas ao carro e oiço aquelas palavras que sabem tão bem do Pinhão “Grande Prova Brito…”
Depois de bebermos um chá bem quentinho (desculpa Susana e Mota, mas não conseguimos resistir a copiar esta coisa do chazinho), fizemo-nos à estrada.
Depois de bebermos um chá bem quentinho (desculpa Susana e Mota, mas não conseguimos resistir a copiar esta coisa do chazinho), fizemo-nos à estrada.
Esta foi a história da minha São Silvestre (e dos EntroncamentoRunners) que embora não tivesse ocorrido no dia 31 de Dezembro foi a melhor São Silvestre do Mundo.
JCBrito
5 comentários:
Olá Brito!
Um bom desempenho o vosso.
Aproveito para te desejar um bom ano extensivo aos teus familiares.
Luís Mota e família
Amigo Brito
Já tinha tido oportunidade de o felicitar pela prova, não tanto pelo resultado porque esse é secundário, mas porque conseguiu concluí-la com grande satifação, dando-lhe prespectivas muito boas para que daqui a pouco esteja a um nível mais próximo daquilo de que é capaz.
Pelo que disse está com muitas dificuldades de ver à noite, (pelo menos algumas coisas)existe agora aí uns óculos de ver no escuro que podem ajudar, pelo menos para ver os marcadores de kms
que é o que parece tem mais dificuldades,rs.
Para a Otília também os meus parabens, eu ontem consegui o mesmo tempo que ela. Eu sabia, pelo que vi em Samora Correia não tardaria muito a que as suas marcas começassem a melhorar de prova para prova e aí está. Sobre o ocorrido com ela não devem valorizar isso, infelismente ainda existe para aí um ou outro suíno cuja raça se encontra felismente em vias de extinção.
Um bom Ano para a família e que 2009 vos traga o que de melhor desejarem.
Um abraço.
parabéns pela participação na São Silvestre de lisboa extensivos a todos os "entroncamentorunners", em particular para o casal Brito/Otília.
Sintra/Cabo da Roca, já há 2 anos que me inscrevo mas depois não vou, vamos ver se var ser em 2009...
Bom ano.
Abraço,
António Almeida
Amigo Brito
Obrigado por ter passado pelo "cidadão de corrida" e pelo comentário que lá deixou. Isso possibilitou-me que, com um simples clic conhecesse este seu blogue que é de uma qualidade fantástica. E este excelente relato é um bom indicador de que merece ser visitado com regularidade. Vou pô-lo na minha lista.
Grande Abraço e um Excelente de 2009.
FA
Oi Brito,
E são estas histórias que fazem a corrida única. Estes convivios não têm preço. Se gostares deste tipo de coisas, tenho um desafio para ti, passa no meu blog.
Abraço
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