Época de 2009/10 teve início, no primeiro ciclo de treino preparámos a participação na Maratona do Porto, no segundo ciclo a Maratona de Sevilha e no terceiro ciclo iniciámos a época de provas de trail, para começar fomos aos Alvados, Sicó e Trilhos do Pastor, pelo meio tivemos o Almourol (na organização) mas que serviu para colocar alguns kms nas pernas, durante a abertura de trilhos, nas marcações e depois na limpeza, aproveitámos ainda um freerunning em Gondramaz, organizado pelos amigos "Abutres" (que adorámos), mas quando falávamos com companheiros que já correram na Freita, procurando obter informações e comparando a UTSF com os eventos onde participávamos as respostas eram sempre as mesmas:
- "impossível comparar a UTSF com outra prova";
- "A Freita é outro mundo";
- "A Freita é duríssima";
- "Tens que atravessar um rio"
- "Mesmo no Verão, está sempre frio e nevoeiro"
- etc
Quando apareceu a oportunidade através do Fórum "Mundo da Corrida" de conhecer a Freita, através deste free running, não exitámos.
Era desta que íamos ver se realmente era tão duro como diziam. Seriam dois dias no parque de campismo do Merujal para realizar dois treinos de 35km + 35km
Sexta-feira, pelas 10h00 demos início ao treino de 35km (éramos 19 aventureiros), estava um ligeiro chuvisco, mas nada que nos fizesse parar, primeiro uma passagem pelo planalto,
depois uma aldeia que não recordo o nome, passagem pela porta do inferno, pelo trilho do carteiro com visita às minas de volfrâmio, depois paragem em Rio de Frades para o reforço alimentar.
Em seguida já de barriguinha cheia, chega o momento de entrar no rio...
Só que o rio tinha mais corrente que o esperado, o nível da água (segundo o Moutinho) estava 0,5 metros mais alto.Todos queriam o rio, mas havia um certo receio pois não se sabia bem o que iríamos encontrar.
Como normalmente acontece quando estão alguns trailers reunidos imperou o bom senso e toca lá para dentro.
A corrente era forte e a pedra escorregadia, não vi nenhuma truta naquela água límpida mas vislumbrei alguns "Abutres" a lutarem contra a corrente, alguns mesmo a irem na corrente....
Com mais ou menos dificuldade, com mais ou menos esfoladela todos nos unimos e ajudámos para juntos conseguirmos superar o rio, o espírito do grupo ficou fortalecido por tamanha proeza e lá seguimos esperando por novos desafios.
Em seguida passámos por mais uma aldeia e entrámos num trilho espetacular, todo feito de lajes com uma vista magnífica à nossa direita, passagem por mais uma aldeia e novo trilho que nos levaria até a Drave (desta aldeia não esqueci o nome...)
À entrada da Aldeia sem habitantes, está um cruzeiro, uma ponte e bastantes casa bem preservadas, existe ainda uma capela e um solar.
Em seguida demos início a uma subida (mais uma) e depois entrámos num estradão que em forma de zig zag descia até Gourim, aldeia também abandonada.
Depois de uma descida algo técnica devido ao piso escorregadio, percorremos um trilho junto a uma linha de água, a qual tivemos de transpor antes de dar início à subida final, a famosa subida da garra.
Quando abordámos a subida já eram 19h00 (cerca 9h00 de treino) o dia estava a arrefecer, começou a ficar nevoeiro, chuva e vento. Quanto mais subia mais frio sentia, o vento aumentava e o fim do trilho nunca mais aparecia. Por fim lá chegámos já depois das 20h00, os minutos em que ficámos a aguardar a carrinha foram poucos, mas foram os suficientes para gelar ainda mais, quando entrei na carrinha não conseguia parar de tremer.
Tínhamos feito 35km em 10h00, o que deu a magnífica média de 3,5km/h,nunca tinha treinado tão lento, nunca tinha treinado 10h00, nunca tinha ido à Freita.
A viagem correu bem e pouco depois já estávamos a tomar um banho bem quente a que se seguiu uma magnífica refeição, onde a boa disposição foi a nota dominante, várias histórias contadas pelo Moutinho e outras tantas pelo Vítor Ferreira.
Durante toda a noite choveu, o que fazia antever um dia de sábado difícil.
Sábado de manhã, a chuva não parava, tomámos o pequeno almoço, tivemos tempo ainda para contar algumas histórias, e lá fomos nós para nova aventura.
O grupo era mais reduzido (6 trailers) e dadas as condições climatéricas (e não só ) fez com que o Moutinho anunciasse que o treino iria ser apenas de 15km.
Começámos junto as Torres eólicas (nº13), pelas 11h00 e descemos o trilhos dos Incas (sem palavras, simplesmente espetacular) passámos por mais algumas povoações que não sei o nome, subimos uma calçada romana que nos levou a outro parque eólico, onde apanhámos um estradão e em seguida uma descida super radical (não sei como o Moutinho consegue), mais umas povoações, umas linhas de água, nova descida (não tão radical) e pouco depois (pelas 15h00) já estávamos em Manhouce, local onde terminou o treino. Foram 4h00 que soube a pouco.
Regressámos ao parque para um banho e um almoço (17h00) recuperador.
Quero mais uma vez agradecer a todos, em especial ao Moutinho pelo excelente fim de semana Free Running.
A ideia com que fiquei foi que a Freita é tão dura quanto bela. Nós estivemos na Freita e em Junho vamos voltar
Nota: A partir deste momento tudo aquilo que pensava saber sobre trail tem de ser reconsiderado.
Aqui estão algumas fotos da nossa aventura http://picasaweb.google.pt/jcbrito69/FreeRunningSerraDaFreita2E3Abri2010#
6 comentários:
Bem, depois de ver essas 400 fotos, so tenho a dar os parabéns e agradecer o ter partilhado essas paisagens deslumbrantes do nosso país. Estão espetaculares as fotos, aposto que foram uns dias bem passados em plena natureza.
Abre bem o apetite pra participar nesse mitico trail da Serra da Freita.
Um abraço.
olá Britos
que grandes treinos ...! :)
cá pra mim já perceberam que a tartarugar é que se está bem - como vêem, 3,5km/hora deixa-vos bastante mais bem dispostos do que por exemplo 12 ou 15 km /hora :)))
um forte abraço, bons treinos e força nesses treinos para os ultra desafios!
até breve
AB - Tartaruga
Pois, pois "Tartaruga"
Fizemos 3,5 km/h porque o terreno não dava para mais.Só o troço do rio com 3,5km demorou 3 horas.
O resto do percurso era um sobe e desce constante com pedra por todo o lado e bastante escorregadia o que me proporcionaou algumas quedas.
Tudo isto com cerca de 5,5 kg às costas (3,5 litros de líquidos o resto foi passas de figo, marmelada, bananas, barras, sandes e bolos secos)
Isto é que é radical.
A otília que vá aprendendo o caminho porque eu não me quero perder.
Depois de Geira Romana vou dicidir se vou.
Mas as fotos que deixaram aqui deixam uma vontade muito grande de conhecer aquilo.
Abraços.
Venho por este meio agradecer todo o apoio e simpatia manifestado pessoalmente e nos comentários deixados no Tomaracorrida e no Dorsal 3739.
Uma boa semana para vós, Luís Mota
Parabéns ao casal sensação do trail nacional, uns "gandas" malucos digo eu, admiração total, um dia quem sabe também vou lá estar.
Grabde abraço.
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