quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Aventura no Trail da Serra da Lousã 19-10-2013 - (Depois de ter voltado a andar normalmente, aqui vai o relato)

O desafio do Trail da Lousã não se adivinhava fácil, depois de ter decidido não fazer a distância do UTAX (88kms), os 45kms com 2500 metros de acumulado positivo continuavam a meter respeito.
No sábado 19 de Novembro, os atletas do C.A.S.P.A./ GreenRoc (Oliveira, Mário, Acácio e eu própria) na companhia do amigo Miguel Gameiro (da Liga dos Últimos) partimos às 7h da manhã em direcção a Castanheira de Pera.
Ao chegamos levanta-mos o nosso Kit e reparei que havia poucas caras conhecidas, apenas a Maria Antonieta e pouco mais, os meus conhecidos/amigos que normalmente encontro antes da partida eram tudo gente corajosa e tinham ido ao UTAX, àquela hora já andavam no meio da serra…!
Depois da fotografia da praxe para mais tarde recordar, fizemos o controlo inicial e ouvimos algumas informações e alertas, depois foi dada a partida.
Parti motivada e sorrindo, ansiosa por aquilo que iria encontrar neste 45 km, rapidamente começamos a subir e logo aos 2km arrependo-me de não ter partido com os bastões na mão, mas eu pessoalmente não gosto de os levar logo porque por muito cuidado que tenhamos vamos sempre dando bastonadas aos colegas que estão ao lado ou atrás de nós. Depois de alguma luta conseguir abrir os bastões demorou alguns 15 minutos, sou apanhada pelo Paulo Caetano, continuo lutando com os bastões e ele vai tirando fotos para mais tarde recordar. Chegámos ao fim da 1ª subida e corro já na companhia do Miguel Gameiro num estradão óptimo para ganharmos tempo. No entanto passados alguns kms as minhas pernas já me doem como se tivesse corrido muitos kms, isto não estava fácil ainda íamos no início e já estava toda dorida! Vejo o Miguel ir embora corriscando nas subidinhas e eu não conseguia acompanha-lo, quando insistia nas subidas a correr as pernas tremiam, as ancas e virilhas já doíam. Isto não pode ser verdade ainda estávamos no início, como é que já vou tão mal, mas lá vou indo correndo e andando, não se pode desistir assim tão facilmente!
No cimo da Serra no parque eólico havia muito nevoeiro o que nos dificultava encontrar as fitas (penso que mais algumas fitas tinham ajudado) começamos então a descer e com dores ou sem dores era para correr tudo que se podia, mas nas descidas com lama a coisa ainda era pior do com pedras era cada escorregadela que até ganhava suores….! Vamos passando pelas aldeias de Xisto, Catarredor, Vaqueirinho e o Talasnal (onde é que foram desencantar este nomes???) onde está o 1º abastecimento e controle ao km 16. Encontro ali mais de 20 atletas em fila para fazerem o controlo, onde estava também o Miguel todo sorridente! Vou ao abastecimento, bebo coca-cola, café, como marmelada, queijo, mais café sabe tão bem, e lá vou para a fila do controlo que avança lentamente. E assim que fico despachada lá vou eu correndo pela descida cheiinha de pedras e por duas vezes o meu rabinho ameaça tocar no chão mas lá me endireito e sigo em frente as dorezinhas parvas ainda não me deixaram e penso se conseguirei chegar ao fim, pois continuo a sentir-me tão mal fisicamente o que ajuda é a beleza à nossa volta é fantástica não há palavras para descrever o que nos rodeia os Vales e Serras que nos envolvem é …… de ficar de boca aberta e apenas sorrir!
Depois do Talasnal e de passarmos num trilho bastante técnico chegamos a uma levada de água deve ter cerca de 1km (o trabalho que deve ter dado fazer aquilo) de um lado a levada, do outro ribanceiras. Vou com um grande grupo de atletas, um vai cheio de medo pois tem vertigens deve ser difícil!
Mais um trilho lindo, mais uma subida (feia e má) mais uma descida e os km vão se fazendo chego à aldeia de Cerdeira, linda esta aldeia, onde se encontra o 2º controlo e abastecimento km 22. Abasteço de água, bebo coca-cola e como um pãozinho com presunto (nham,nham que bom) e sigo na companhia da Carla Monteiro conversamos e concordamos que esta prova ultrapassa em beleza a Serra D´Árga e que em dureza não lhe fica atrás, mas vamos a subir e ela vai indo embora. Vou fazendo contas ao tempo que levo e o que ainda me falta e como tenho ainda por companhia as malvadas dores no corpo resolvo tomar um paracetemol que por norma levo na mochila mas que a única vez que tomei foi nos 100km de Portalegre, mas isto estava tão mau, podia ser que me aliviasse!

Continuamos a subir e sou ultrapassada por dois atletas da prova rainha UTAX e logo em seguida pela 1ª mulher que era a Ester Alves, até me sinto envergonhada ela já levava 20km a mais que eu, tinha saído 3horas antes de mim e lá ia ela avançando como se nada fosse. Paciência digo para mim própria, cada um corre o que pode, tentava convencer-me que não fazia mal correr tão pouco, enfim “o pior cego é aquele que não quer ver”. Nesta altura tinha a companhia de mais dois atletas do UTAX e subíamos em direcção aos aerogeradores de Vilarinho e Trevim que seria o ponto mais alto da nossa aventura (1205 m).
Ora se subimos, temos que descer e quando vou a meio da descida levanto a cabeça e olho para a frente e ia caindo para trás com a MAGESTOSA subida que estava ainda longe mas para onde eu tinha que passar pois conseguia distinguir pontinhos (atletas em miniatura), abri a boca mas não saiam palavras mas no meu pensamento surgiram todos os palavrões que aprendi ao longo da vida.
Arre porra! Como é que eu vou subir aquela coisa? Assim é que nunca mais chego ao fim! Mas lá fui e finalmente as dorezinhas tinham abrandado e começava a sentir-me melhor, já era tempo pois tinha 27 km feitos a penar. Chego junto a uma capela e ao poço das Neves e a partir daqui pelo gráfico seria sempre a descer. Encontro a Carla outra vez e ela deixa-me passar pois desço melhor que ela, e finalmente sinto-me bem e corro por ali abaixo num trilho (trilho do neveiro) onde às vezes só cabia um pé à frente do outro, avisto ao lado direito as descidas e subidas que tinha feito antes e onde havia ainda atletas a passarem pelo mesmo que eu. E corro, corro e de vez em quando apanho um susto pois as pedras atravessam-se nos pés, e avisam-me para ser cuidadosa pois não vou ganhar nada se cair ali, mas vou sorrindo já falta pouco 15 km (+ ou-).
 
Chego ao último abastecimento no Coentral Grande, o meu Garmim marca 31 km, muita gente sentada a descansar, alguns desistentes. Comi uma canjinha, bebo coca-cola e lá vou eu sem perder tempo pois já tinha perdido tanto, agora corro como se fosse no inicio da prova, fazemos kms no alcatrão mas não me importo nada, vejo um atleta do UTAX seguir em frente quando tinha que virar à esquerda grito-lhe várias vezes até me ouvir, quando se chega ao pé de mim agradece-me e diz que já vai ceguinho de todo (não é para menos) chego à praia fluvial do Poço do Corga começa a chuviscar mas por pouco tempo (lindo este local) vou encontrando vários atletas dos 45km que vou passando e começo a avistar muitas casas, um campo de futebol estamos quase que bom e de repente vejo a ilhota da Praia das Rocas, passamos por dentro desta e avanço em direcção à Praça da Notabilidade para mais uma vez cruzar a meta e sentir-me Feliz por ter feito 42km em 7h43, fui 8ª da geral feminina e 2ª F40 em 15 mulheres que conseguiram acabar esta aventura!
Foi das provas mais duras que fiz até hoje, (pelas dores) só tive assim dores na 1ª vez que fiz os 100km de Portalegre e depois dos 85 km!!! O meu corpo não estava bem neste dia, melhores dias virão!
Mas mesmo assim valeu a pena! A Paisagem é do melhor que podemos desejar tanto Verde lindo, Adorei!
Os meus Parabéns ao Fernando Pinto e a toda a organização do UTAX, só faltavam mais umas fitinhas!
Os meus Parabéns a todos os Corajosos que chegaram ao fim da prova do UTAX e aqueles que que tiveram a coragem de tentar!
Até breve num Trilho Qualquer! És Tu e o Trilho!

 

 

1 comentário:

António disse...

Parabéns pela prova, pelo relato e pela partilha.
Uma boa opção teres feito "apenas" os 45km, coisa pouca, apenas uma ultra...
Beijinhos e abraçoa ao Brito.
António