E pronto consegui chegar ao fim da minha 6ª Maratona e a 3ª vez consecutiva no Porto, foi com bastante relutância que resolvi participar nesta 8º Maratona do Porto. Mas o Brito queria muito ir…….E eu pensei, se ele vai eu também VOU!
Por motivos dos horários dos meus filhotes, e também porque o meu grupo de treino anda muito desapegado, os meus treinos foram sempre pequenos, entre 8 a 10 km, 3ª e 5ª feira , e por vezes com o meu companheiro de treino o Sr. Luís Rei que é o meu “compincha” e a minha grande ajuda, lá íamos treinar também à 4ª ou à 6ª feira para fazermos 12 ou 13 km mas isso aconteceu duas ou três vezes. Os treinos longos ao fim de semana também tiveram algumas falhas, 1 porque fui fazer de guia no passeio/caminhada organizado pelo CLAC “Ultra rota dos Templários 45 km” (nem sequer fui á Meia – maratona de Ovar), e assim o treino mais longo que consegui fazer foi de 24 km……..! Era pouco, mesmo pouco! A minha ânsia aumentava de dia para dia! Eu sei que não há milagres, e não podia esperar facilidades nesta Maratona! Se por um lado na 1ª Maratona não sabemos o que esperar ou o que pudemos dar, quando temos alguma experiência, já sabemos o que vai doer e queremos sempre tentar melhorar ou Não piorar muito! Mas desta vez isso não foi possível.
E assim partimos para o Porto 9 atletas do CLAC, dois estreantes a Sandra e o Jorge, amigos rijos e muito persistentes, que iriam fazer tudo para chegarem ao fim com muita dignidade! A noite foi fria, e eu só desejava estar na partida depressa, porque depois de começar tudo passa! Dizia para o José Felício que não podíamos correr abaixo das 5’30 por km, mas isso não veio a acontecer.
E assim partimos para o Porto 9 atletas do CLAC, dois estreantes a Sandra e o Jorge, amigos rijos e muito persistentes, que iriam fazer tudo para chegarem ao fim com muita dignidade! A noite foi fria, e eu só desejava estar na partida depressa, porque depois de começar tudo passa! Dizia para o José Felício que não podíamos correr abaixo das 5’30 por km, mas isso não veio a acontecer.
O 1º km que é a “subir” foi feito em 5´20 e os outros até aos 15 km sempre dentro dos 5´10, 5´20, seja pela companhia ou pelo percurso mais fácil o ritmo ia bom fácil e descontraído sempre com muita companhia. A Ana Paula (Barreira) passou por mim logo aos 3 km e disse-me para ir com ela mas ela ia ainda mais rápido do que eu, e deixei-me ficar com o Felício, entretanto veio o Miguel Saraiva e batendo-me levemente nas costas disse-me – “ Otília….Esse ritmo vai muito rápido!” e eu disse-lhe que sabia!!! Mas continuei. Porquê?
Eu tinha consciência que não tinha capacidade para aguentar aquele ritmo por muito mais tempo, não percebo porque ia a correr assim, ou então cá no fundo sei o que era….Era o Pecado da GULA, era o desejo de conseguir fazer um grande tempo! De fazer mais uma maratona abaixo das 4h. Era o Desejo de me sentir uma atleta …..! Mas isso não aconteceu! E os pecados pagam-se caros. A meia maratona foi feita em 1’54, bom tempo! O retorno foi feito com muita dignidade e orgulho por ainda haver tanta gente atrás de mim. Mas quando cheguei aos 25 km no abastecimento antes da ponte Dom Luís havia vários atletas e eu perdi o Felício, de repente um cansaço enorme apoderou-se das minhas pernas e eu pensei que não iria conseguir acabar, o “Homem da Marreta” já estava em cima de mim veio muito cedo (malvado) e ainda faltava tanto! Lá fui correndo e tentando poupar as forças fui vendo os atletas no retorno, o Brito que já vinha com cara de cansaço (ele já vinha nos 30km) o Mário e o Jorge logo atrás. O Henrique, e atrás a Sandra que vinha concentrada na sua prova mas com força para me incentivar e eu a ela, e tantas outras caras conhecidas, ria-me, com vontade de chorar, cada vez que ouvia o meu nome, sentia-me tão embevecida. OBRIGADA a todos!
Quando dei a volta aos 28km pensei, corres até aos 30km e ai caminhas um pouco para tentares recuperar do cansaço e da vontade que tinha de vomitar, devido ao gel que tinha tomado. Entretanto chega-se ao pé de mim a Ana Paula que tinha feito uma saída (casa de banho) e diz-me que também já ia muito cansada e que me vai acompanhar. Chegamos aos 30 km e ao abastecimento a Paula diz-me para não pararmos para corremos mais lento ou caminharmos depressa, optei por caminhar rápido, pois isso ajudava muito recuperei um pouco e lá começamos a correr outra vez não podíamos passar no local com mais público a caminhar (ao lado da ponte Dom Luís). Passamos no túnel e vem a parte dos paralelos as minhas pernas e articulações das ancas parece que se desarticulavam todas. As minhas forças estavam no limite, já não dava mais, sinto-me triste porque nem na minha 1ª Maratona tinha sofrido tanto e agora na minha 6º Maratona ali vou eu a arrastar-me. Mas por outro lado também me sinto contente e feliz por fazer parte daquele grupo que teve coragem para partir para mais uma Maratona e pensei para mim mesmo, “Orgulha-te do pouco que consegues fazer, pois nunca pensaste fazer tanto”! E foi com esse espírito e Alegria que fui correndo lentamente aos 36km encontrei o meu colega de equipa o Henrique que tinha levado com o homem da Marreta “nos pés” dizia ele e que mal podia caminhar. Eu e a Ana Paula lá fomos, rindo e dizendo disparates, ela dizia-me que tinha saudades das pedras, da lama, das subidas e descidas malucas, que este alcatrão era demasiado para nós! E eu dizia-lhe que estava um dia fantástico cheio de sol bom para correr e nós ali a arrastarmo-nos. Quando chegamos aos 40 km ia tão mal só pensava em caminhar, mas um colega disse-me que agora não podíamos parar já estávamos no final! Era o final mas sempre a subir! Mas lá cerrei os dentes, e lá fui correndo e começando a ver os pórticos lá no fundo, a Ana vinha esgotada disse ao meu colega para ir embora que eu esperava pela Ana, agora estava eu a sentir-me melhor (era por ver 0s pórticos lá no fundo) e a Ana pior ela dizia-me para eu ir, mas eu disse-lhe que tínhamos feito tantos km juntas e que ela foi tão querida quando eu ia tão mal aos 30 km, e ela esperou por mim, agora era a minha vez de esperar por ela e que iríamos acabar a prova juntas! E assim foi, chegamos aos últimos 195 metros, agarrei na mão dela e lá fomos no nosso melhor Sprint, cheias de Alegria e Orgulho! No final A Ana só me dizia “esta foi até ao OSSO”! E foi mesmo!
Mais uma vez consegui chegar ao Fim de mais uma Maratona a minha “6ª MARATONA” com o meu pior tempo 4’14’49 mas dei tudo o que podia, não deu para mais! A sensação de Orgulho de ter a coragem de estar na partida e conseguir chegar ao Fim é Imensa e faz valer a pena pelo grande Empeno que levei.
Venha a próxima, Venha Barcelona!
A todos agradeço todas as palavras amigas que me foram dadas antes, durante, e depois da Maratona.
Beijocas Maratonistas